top of page
  • Massimo Milella

Alkantara Festival: Gentle Unicorn di Chiara Bersani

[No fundo do artigo, vai-se encontrar a tradução em português.]

Chiara Bersani

Gentle Unicorn,

Teatro Nacional Dona Maria II

Alkantara Festival, Lisboa

16.11.21

Secondo giorno di Alkantara Festival, per l’O.C.A. almeno. Il festival è iniziato il 13 novembre e propone, quasi in contemporanea, nei principali teatri della città, due o tre performance, senza parlare di incontri, tavole rotonde, esposizioni.

Arriva il momento di Chiara Bersani, performer tra le più innovative in quella parte di scena italiana che, a partire dalla galassia multifocale della danza, sta dando vita a un emozionante sistema solare di poetiche artistiche (da Alessandro Sciarroni a Marco D’Agostin o Silvia Gribaudi, per citare alcuni dei “pianeti”, che collaborano o hanno collaborato, in forme e ruoli differenti, con la Bersani).

Gentle Unicorn è nitido come una giornata priva di dubbi, ha il ritmo rarefatto dei respiri che vivono nelle attese, la luce bianca di una parola (o di un corpo) che nulla spiega e nulla nasconde.

Chiara Bersani, raccolta nel suo costume bianco, comincia abbandonata in un cono di luce, poi, man mano che la performance segue il suo corso, illumina lei stessa, durante la sua metamorfosi, la platea curiosa che, letteralmente, la studia, l’aspetta, la sostiene.

Incarna un unicorno, animale frainteso, immaginato, magico, inesistente, astorico, però pronto a vivere, adesso e, grazie a lei, aperto a ogni interpretazione.

Crea una autentica prossimità con il suo pubblico: un contatto visivo, ma anche fisico, con i piedi, con le gambe, con il sorriso, con gli occhi che mettono a nudo uno sguardo. Costruisce così la sua scena dall’interno, riempiendo il vuoto spaziale con la tensione del non-parlato, esplorando il corpo possibile, il movimento di un piede, una bocca che si apre, un abbandono, una ripartenza.

E davvero basta il tentativo di vita, solo quello, non c’è bisogno di altro per credere nella presenza di un unicorno in sala - ed è questa la ricchezza: l’esistenza di uno illumina un’intera specie, forse ancora da scoprire, forse anche tra il pubblico.

La performance che per gran parte del tempo si veste solo del suo ritmo, poi si lascia attraversare da un improvviso e forte desiderio di narrare, di esprimere, di comunicare.

Esistente l’unicorno, dimostrato a se stesso e ai molti se stessi, cioè noi, il pubblico, il limite di una forma, può, vuole, deve parlare.

E non c’è la voce, nemmeno stavolta, a raggiungerci.

Ma c’è la vibrazione, ripetuta, tentata, graffiata, poi soffiata con forza, di una tromba, che Bersani suona per articolare un richiamo, in un dialogo con altri strumenti a fiato - un trombone, un’altra tromba, un clarinetto - nascosti nel buio, al di là della platea, che rispondono e rilanciano gli inviti di questa speciale creatura.

Quello che ho visto per gran parte della performance è diventato altro, la metamorfosi si è risolta, l’indeterminatezza anzi ha trovato una sua nuova forma, specifica e concreta.

Il tradizionale buio in scena che segue questo dialogo di fiati sospende, a sua volta, il pubblico ancora per un poco: sarà finito? Continuerà?

Cosa è successo davvero in questi cinquanta minuti di spettacolo?


Gentle Unicorn, opera del 2017, che molto ha già girato in Italia e che ha toccato anche Barcellona, Poznan, Berlino e Gent, era stata bloccata dalla pandemia, giusto un anno fa, sul punto di partire per una prestigiosa tournée europea.

Ma è stato comunque un anno importante per Bersani, che per la prima volta sarà anche direttrice artistica - insieme a Giulia Traversi - di un luogo preziosissimo della scena italiana, lo Spazio Kor di Asti, nel quale, evidentemente, si sta per costruire qualcosa d’importante.

Qualcosa che viene da una promettente galassia performativa, da seguire attentamente.



Chiara Bersani

Gentle Unicorn,

Teatro Nacional Dona Maria II

Alkantara Festival, Lisboa

16.11.21


Estamos no segundo dia do Festival Alkantara (pelo menos na nossa experiência de O.C.A., na verdade o festival começou de facto no dia 13 e oferece, quase em simultâneo, duas ou três performances nos principais teatros da cidade, sem falar em encontros, mesas redondas e exposições).

Chegou o momento do espectáculo de Chiara Bersani, uma das performers mais inovadoras de um segmento da cena italiana que, a partir da uma galáxia multifocal da dança, está a conseguir dar vida a um irresistível sistema solar de poéticas artísticas (de Alessandro Sciarroni a Marco D'Agostin ou Silvia Gribaudi, para citar alguns dos planetas, que colaboram ou têm colaborado, em diferentes formas e funções, com Bersani).


Gentle Unicorn é tão claro como um dia sem dúvidas, tem o ritmo rarefeito das respirações que vivem na espera de algo, a luz branca de uma palavra (ou de um corpo) que nada explica e, ao mesmo tempo, nada esconde.

Chiara Bersani, vestida de branco, começa a performance abandonada no chão dentro de um cone de luz.

Depois que a acção segue seu curso, ela mesma ilumina, na sua metamorfose, o público curioso que, literalmente, a estuda, a espera, e também a apoia.

Ela encarna um unicórnio, um animal incompreendido, imaginário, mágico, inexistente, a-histórico, porém vivo, agora, vivo sem dúvida nenhuma.

E, graças a ela, aberto a qualquer interpretação.

Ela cria mesmo uma forte proximidade com o público: trata-se dum contacto visual, mas também físico, com os pés, com as pernas, com o sorriso, com os olhos que desnudam o olhar. Assim, constrói a cena por dentro, preenchendo o vazio espacial com a tensão do não falado; explora o corpo possível, o movimento de um pé, uma boca que se abre, um abandono, um recomeço.

E na verdade a tentativa de vida é suficiente, só isso, não precisamos de mais nada para acreditar na presença de um unicórnio na sala - e esta é a riqueza: a existência de um exemplar ilumina uma espécie inteira, talvez ainda uma espécie ainda a descobrir, quem sabe talvez até na platéia.

O jogo da profunda suspensão do tempo, da construção de um sentimento que podemos definir confiança, muda de repente. Na última parte da performance, o unicórnio-Chiara Bersani deixa-se atravessar por uma súbita e forte vontade de narrar, expressar, comunicar.

Ora, ficámos a saber que o Gentle Unicorn existe. E após tê-lo demonstrado a si mesma e aos outros “si mesmos”, ou seja ao público, o limite de uma forma (ou os limites de umas formas), já pode / quer / precisa de falar.

E não há voz, nem neste instante, que nos alcance.

Há sim a vibração, repetida, tentada, arranhada de um trompete, que Bersani toca com esforço para articular uma invocação, em diálogo com outros instrumentos de sopro - um trombone, outro trompete, um clarinete - escondidos na escuridão, para além do público, que respondem aos convites desta criatura especial.

O que vi em toda a primeira parte da performance tornou-se já outra coisa, a metamorfose ficou mesmo concluída, a indeterminação de fato encontra a sua nova forma específica e concreta. Acaba o misterioso diálogo musical. As luzes apagam-se.

A escuridão tradicional no palco que segue esse diálogo do vento suspende a plateia por mais um tempo: a performance acabou? Continuará?

O que realmente aconteceu nesses cinquenta minutos?

Gentle Unicorn, uma obra de 2017, que já muitos teatros na Itália tinham acolhido e que chegou também a Barcelona, Berlim, Gent, Poznan, foi bloqueada pela pandemia, há apenas um ano, mesmo antes de partir para um prestigioso tour europeu.

Mas foi ainda um ano importante para Bersani, que pela primeira vez vai ser também directora artística - juntamente com Giulia Traversi - de um local muito precioso em Itália, o Spazio Kor de Asti, no qual, obviamente, algo importante está para ser construído.

Algo que vem de uma galáxia performativa cheia de promessas, que de certeza valerá a pena acompanhar atentamente.


Traduzione di Massimo Milella, corretta da Andreia Martins Carvalho / tradução por Massimo Milella, corrigida por Andreia Martins Carvalho


creazione e interpretazione / criação e interpretação Chiara Bersani 
sound design / desenho de som F. De Isabella 
disegno luci / desenho de luz Valeria Foti 
assistente di scena / assistente de palco Paolo Tizianel 
consulenza drammaturgica / aconselhamento dramatúrgico Luca Poncetta 
movimento / instrutora de movimento Marta Ciappina 
consulenza artistica / aconselhamento artístico Marco D’Agostin 
styling Elisa Orlandini 
produzione / produtora Eleonora Cavallo 
consulenza / aconselhamento Administrativo Chiara Fava 
diffusione e comunicazione / divulgação e comunicação Giulia Traversi 
fotografia Roberta Segata, Centrale Fies 
produzione / produção Associazione Culturale Corpoceleste
coproduzione / coprodução Santarcangelo Festival, CSC – Centro per la Scena Contemporanea (Bassano del Grappa) 
con l'appoggio di / com o apoio de Centrale FIES (Dro), Graner (Barcelona), Carrozzerie | N.o.T. (Roma), CapoTrave/Kilowatt (Sansepolcro), ResiDance XL/Anticorpi XL - Network Giovane Danza D'autore coordinato da / coordenado por L'arboreto - Teatro Dimora di Mondaino. 
partecipazione straordinaria / participação especial Abuka Abecassis, Edoardo Pasta, Inês Pires

oca, oche, critica teatrale
bottom of page